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fire and earth

Livros, séries, filmes e muito mais ♥

18
Nov25

Livros | Nem Todas as Baleias Voam, Afonso Cruz

Vera

Acho que é oficial: após três livros lidos (e um deles que até gostei mas nem adorei), tenho de dizer que Afonso Cruz é, talvez, um dos meus escritores favoritos neste momento. E quero ler tudo dele, quero absorver todas as palavras deste autor, todas as histórias, todas as personagens.

 

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Esta história ocorre durante a Guerra Fria e introduz-nos a um plano da CIA chamado Jazz Ambassadors, algo que no fundo pretende empregar a música jazz para captar o apoio de jovens do Leste e, basicamente, convencer as pessoas de que os EUA não são um país assim tão mau. É assim que conhecemos Erik Gould, um pianista de excelência, com sinestesia — vê sons e traduz palavras e retratos em música. A CIA está interessada em recrutar Erik para este programa e planeia fazê-lo através daquilo que ele mais ama, mais ainda que a música: Natasha Zimina, a sua mulher.

 

Acontece que Natasha desaparece de um dia para o outro, deixando Erik Gould e Tristan (o filho de ambos, também com sinestesia, que vê sentimentos e estados de espírito) num sofrimento marcado por uma sensação de abandono. Erik Gould não consegue lidar com a tristeza provocada pelo vazio da mulher e acaba por deixar Tristan com uns amigos — Isaac Dressner e Tsilia — por uns tempos. Para além disto, há partes do livro — com fundo cinzento — intituladas «Relatório Gould», onde vamos descobrindo os progressos da CIA em captar Erik Gould para a sua causa.

 

Sim, parece muita coisa e tem ainda mais personagens e mais nuances, mas gosto muito de como Afonso Cruz liga tão bem estas personagens, como as diferentes narrativas se cruzam.

 

Este livro surpreendeu-me muito, talvez por conhecer admitidamente ainda pouco do autor, não esperava que tivesse certos momentos tão pesados. Há momentos do livro que descrevem acontecimentos horríveis dos tempos dos bombardeamentos de Dresden e do Holocausto; há outros momentos marcados por tortura. Ainda assim, só me fez gostar dele ainda mais como escritor.

 

Para mim, este é um livro, no fundo, sobre tristeza, talvez até depressão — personificada numa das pessoas que Tristan vê —, mas também sobre ultrapassá-la, encontrarmo-nos de novo, encontrarmos um sentido na vida e reconectarmo-nos. É um livro bonito, mas triste, repleto de acontecimentos dolorosos que marcaram as vidas das várias personagens, o que o torna talvez também incrivelmente humano.

 

Adoro a escrita de Afonso Cruz, o seu lado poético, o modo como explica tantas coisas complexas de formas tão simples, mas acima de tudo a forma como torna tudo tão bonito. Às vezes até aquilo que não deveria ser bonito — mas que o é, talvez de uma forma mais melancólica ou triste, mas bonita. Além disso, este livro também discorre muitas vezes sobre música e, mais especificamente, sobre jazz e blues — o que me transportou de volta à minha curta fase na adolescência em que me sentia fascinada com este último género musical.

 

Gostei muito deste livro e estou muito curiosa por ler mais deste autor. Acho que o próximo será o Flores, embora queira muito reler O Pintor Debaixo do Lava-Loiças, que li já em 2020, mas que me lembro de ter adorado. Outros que estão na minha mira são o Para Onde Vão os Guarda-Chuvas e Jesus Cristo Bebia Cerveja.

 

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E como nem podia deixar de ser, são vários os excertos que me ficaram deste livro:

 

Que outros livros recomendam deste escritor?

15
Nov25

Filmes | Frankenstein

Vera

Já está disponível na Netflix a adaptação de Frankenstein de Guillermo del Toro, um filme que tem estado pelas bocas do mundo.

 

Poster do filme Frankenstein

 

Vou começar pelos pontos negativos: não gostei muito da fotografia usada em algumas cenas, chegou a dar-me vibes de Wicked e sinceramente não teria sido essa a escolha que eu faria. Achei também que algum do CGI (porque ele continua lá, mesmo que tenham usado — e bem — muitos efeitos práticos) não foi tão bom e notava-se perfeitamente que o era.

 

Apesar destes aspectos me terem desagradado, são pontos quase irrelevantes no filme como um todo e que apenas me fizeram retirar meia estrela — só não leva as 5 por isto. Embora o filme esteja a ser super falado e consiga reconhecer que é bastante bom, quando o terminei, não me arrebatou. Gostei muito, mas não me arrebatou. Tem acontecido muito este ano com filmes com imenso hype e eu juro que não faço de propósito para ser aquela pessoa que "ai, toda a gente gosta tanto, então eu não vou gostar"; acho que é simplesmente um problema de expectativas e esse é um problema inteiramente meu.

 

Dito isto, sinto que quanto mais tempo passa, mais gosto dele, por isso talvez, neste caso, seja apenas uma questão de me dar tempo para apreciar as coisas. Com o passar dos dias, percebo que é um filme muito bonito na forma como humaniza a criação de Frankenstein e como mostra o quão incompreendido este ser é. O filme é também incrivelmente bonito visualmente, apesar dos pontos negativos que referi estarem ligados a elementos visuais.

 

E por falar na Criatura de Frankenstein, Jacob Elordi esteve brilhante nesse papel. Só o conheço de Saltburn, mas espero genuinamente que possamos ver mais dele em papéis deste género, porque não há dúvidas do seu talento enquanto actor. A Mia Goth e o Oscar Isaac, na verdade, também estão tremendos.

 

Penso que o último trabalho que vi de Guillermo del Toro foi a sua série Cabinet of Curiosities, que me desiludiu um bocadinho e da qual acabei por não gostar muito. Por isso, é muito bom voltar a ver algo dele num registo que não tem como falhar. Segundo consta, ele também vai fazer uma adaptação do Fantasma da Ópera e, depois de ter assistido ao musical ao vivo, mal posso esperar.

 

Quanto a este Frankenstein, é belíssimo, é profundo, é muito, muito bonito e eu recomendo bastante.

 

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Quem aqui já viu? O que acharam deste filme?

 

P.S: Desde que escrevi esta review, já vi mais de uma pessoa dizer que o filme se distancia bastante da essência da história original e que é muito diferente. Se já leram o livro, tenham isso em mente. Este filme é capaz de ser melhor para quem não o leu.

12
Nov25

30 factos sobre mim

De 2018 para 2025

Vera

Às vezes (não muitas, não quero parecer egocêntrica), dou por mim a revisitar publicações antigas e deparei-me com uma de 2018, no meu blog anterior (que continua a existir, mas está fechado ao público), com 30 factos sobre mim. Ao ler aquilo, percebi que alguns tinham mudado por completo e achei que seria interessante este exercício de os actualizar aqui e agora, em 2025. Eis, então, os 30 factos que eu tinha escrito.

 

1. Sou um bocado "picky eater".

Confere. Continuo a ser um pouco esquisita com comida, mas quero acreditar que sou um bocadinho menos. Novidades para quem não compreende isto: amigos, não é tanto uma questão de sabor, é uma questão de texturas e demasiada sensibilidade a elas. De nada.

2. Sou muito preguiçosa. Muito. Mesmo muito.

Infelizmente, também confere. Tento o tempo todo, a muito custo, combater. E quero acreditar que também estou um pouco menos, ou pelo menos que consigo lutar contra a preguiça mais facilmente do que antes.

3. Não sei nadar nem andar de bicicleta. Mas ainda gostava de aprender.

Continuo a não saber. Mas aulas de natação poderão, finalmente, estar para breve!

4. Apesar de não ter animais agora, já tive um gato quando era pequena. Infelizmente, não tenho memórias dele.

Continuo a não ter memórias deste gato, mas entretanto, dois meses depois desta publicação, o meu bichinho chegou cá a casa ❤️

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5. O meu carro de sonho é um Mini. Claro.

Continua a ser, sim senhor. Isso e um Range Rover Velar. Nunca vou ter qualquer um deles e estou de bem com isso.

6. Passei por fases de querer ser tudo e mais alguma coisa quando era criança, mas duas destacaram-se: cabeleireira e estilista. Hoje em dia nenhuma delas me diz nada, apesar de ter um bichinho de querer fazer as minhas próprias roupas (um dia!).

Vera, quem queres enganar? Tu nunca vais fazer as tuas próprias roupas, há cada vez menos vontade de investir nessa ideia que já só vive lá bem no fundo da mente. E também está tudo bem com isso.

7. Nunca saí de Portugal, para minha enorme infelicidade. Mas...

Ora, entretanto já saí. Foi só para Espanha? Foi, mas já é melhor que nada. E é para continuar a alargar horizontes, de qualquer forma.

8. Já fui à Madeira!

E entretanto, por mais que queira regressar, ainda não consegui.

9. Quando for velhinha e reformada gostava de ter uma quinta, com a minha própria horta e os meus próprios animais para cuidar.

Acho que este é outro dos que vive lá bem no fundo da mente. Um wishful thinking, quase. Acho que também não vai acontecer.

10. Tenho fobia a rãs e sapos.

Sim, sim, mil vezes sim.

11. Gostava de um dia fazer voluntariado noutro país, tipo Índia ou Tailândia.

Nunca fiz e não tenho vergonha de admitir que esta vontade passou. Se for para agir em causas, prefiro mais perto (tentei há uns meses contactar uma associação de animais local para voluntariar com eles, nunca recebi resposta e fui esquecendo o assunto por completo, sem querer. Agora, infelizmente, estou numa fase sem muito tempo e nunca mais pensei no assunto...)

12. Quero muito viver nos arredores de Lisboa, num sítio com praia, a 10/15 minutos de comboio de Lisboa.

Ah. Ahah. Ah. Mal a Vera de 2018 sonhava com a crise na habitação. Além disso, tenho de dizer que o amor que nutria por Lisboa desceu um bocadinho com o passar do tempo. Já nem sei se consigo dizer que é a minha cidade favorita, como era na altura.

13. Mas parte de mim também gostava de viver em Brighton, mesmo que apenas temporariamente.

Olhem, sabem? Estou bem. Quero visitar Brighton sem qualquer sombra de dúvidas, mas viver? Eh, já passei essa fase.

14. Gostava muito de aprender Italiano - entre outras línguas, porque não me quero ficar só por aí.

1001 tentativas depois, aprendi um bocadinho de italiano, mas não o suficiente para dizer que falo italiano. Parlo solo un po' d'italiano. Ma vorrei continuare ad imparare... un giorno.

15. As pessoas parecem ficar todas com uma enorme vontade de me esmurrar quando digo isto, mas aqui vai: não gosto assim muito de crianças.

Tenho muito pouco contacto com crianças, mas ao longo do tempo, fui contactando esporadicamente com algumas que me fizeram perceber que era estúpido eu dizer que não gostava de crianças. Imaginem, estou óptima longe de birras e cenas. Mas não posso dizer que desgosto activamente delas, coitadas. E algumas são de facto muito queridas e fofas.

16. Gostava de um dia escrever um livro. Não necessariamente publicá-lo, mas apenas escrevê-lo, terminá-lo, criá-lo.

Acho que esta vontade também se foi por muitos anos. Voltou nos últimos meses, mas não sei dizer se o suficiente para alguma vez se concretizar.

17. A minha comida favorita é pizza. Há de todos os tipos e para todos os gostos, como não amar?

Toda a verdade o que eu disse aqui e pizza continua a ser uma excelente opção gastronómica. Mas acho que já não é a minha comida favorita. Acho que neste momento nem tenho propriamente um prato favorito, mas se tivesse de escolher diria francesinha, arroz de pato ou umas belas amêijoas à bulhão pato.

18. Adoro jogos de tabuleiro.

Continuo a adorar, sim senhor, e será para sempre uma das maiores dores da minha vida o facto de não estar rodeada de pessoas com o mesmo entusiasmo. Acabo a jogar muito menos do que gostaria.

19. Gostava de aprender a tocar piano e saxofone.

Mais um sonho que ficou lá longe, com uma réstia tão pequena de luz que está quase a apagar. Não vai acontecer (muito menos com piano, adoro muito mais o som do saxofone e fascina-me muito mais).

20. Já aprendi a tocar guitarra. Falo no passado porque não toco há tanto tempo que já não é propriamente a mesma coisa, mas ainda dou uns toques!

Confere. Continuo a dar uns toques de vez em quando, mas nada de extraordinário.

21. Já dancei hip-hop.

Verdade. O que não disse foi que tenho pena de não ter aproveitado essa fase mais do que aproveitei, na altura.

22. Quando era adolescente/pré-adolescente escrevi 2 ou 3 histórias com a minha melhor amiga na altura (não contando com todas as outras que estão incompletas). Às vezes é engraçado relê-las porque trazem memórias de tanta coisa (eram baseadas em pessoas reais), e são as típicas histórias de amor adolescentes.

Já nem sei por onde andam, mas sim. Este é o facto embaraçoso, é o que é.

23. Aliás, nessa linha, eu costumava escrever e enviar as minhas fanfics para um site brasileiro. Isto também tem que incluir factos vergonhosos, senão não metia piada.

Ah boa, escolhi torná-lo ainda mais embaraçoso. Olhem, é verdade, querem que diga o quê?

24. Só fui a um único concerto (a sério) na minha vida: 30 Seconds to Mars, em 2010. Nada a ver com o meu gosto musical actual, mas foi dos melhores dias (ou noites) que já tive.

"Nada a ver com o meu gosto musical actual", prometo que não era assim tão pretensiosa e que acho que não disse com esse intuito. Por acaso, ainda há uns meses acrescentei umas músicas deles ao meu Spotify, pela nostalgia e porque adoro.

Bom, adiante: felizmente, já fui a uns quantos mais concertos! Estou limitada aqui em terras do interior portucalense, mas vou a tudo o que posso. Até porque ser adulta e ter dinheiro adulto é giro, e a Vera de 2018 não sabia disso ainda.

25. Sou do signo Leão.

Pois, isto não mudou. Quem diria.

26. Adoro canecas, faço colecção, e acho que é uma coisa que não falha quando alguém não sabe o que me comprar.

Continua a ser verdade!

27. Há dois filmes que acho adoráveis e que me fazem sempre sentir melhor quando não estou bem: Fantastic Mr. Fox e Frozen.

Sim! E acrescento a série Friends à lista (menos no achar adorável). Mas hoje em dia já não recorro tanto a isto para me sentir melhor.

28. Sou daquelas pessoas que detestam quando fazem barulho a comer e quando mascam pastilhas de boca aberta.

Sim, sim, sim. Eu queria que misofonia fosse uma coisa falada em 2018. Também detesto ASMR, acho horrível.

29. O meu melhor amigo e a pessoa que melhor me conhece é do Brasil.

Continua a ser dos meus melhores amigos. Já não falamos tanto como antes, mas é daquelas pessoas em que o tempo não deixa marcas, qualquer conversa é igual à anterior. Nunca nada muda.

30. Quero seguir pelo ramo da Psicologia Clínica e da Saúde, mas no secundário o que eu mais queria era Psicologia Forense.

Ui, que piada. Esta pessoa também não sabia que ia terminar o curso de Psicologia a odiar o que fazia, a ter uma crise académico-profissional de todo o tamanho e a mudar por completo de área. A vida muda tanto.

 

Desculpem se esta publicação foi demasiado longa, mas achei que este exercício seria interessante. E, em partes, até engraçado. Identificam-se aqui com alguma coisa? Que coisas vocês acham que mudaram em vocês ao longo do tempo?

09
Nov25

Recomendações | Fast Fashion

Vera

Gostei muito deste episódio do Programa Cautelar sobre a fast fashion. Fala das práticas das grandes cadeias, dos materiais utilizados e do impacto ambiental tanto dos materiais como do consumo excessivo. Também fala das implicações éticas e humanas. Um excerto:

 

 
 
 
 
 
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(Sem moralismos, acho que grande parte de nós faz parte do problema, de uma ou outra forma. Ainda assim, é na informação que está o poder.)

06
Nov25

Filmes | Smile

Spooky Season #7

Vera

Sim, eu sei, o Halloween já foi — e por mim, até já podem começar a falar do Natal —, mas este foi o filme que escolhi ver no dia 31 de Outubro e, por isso, vou incluí-lo na rubrica. Além disso, não é preciso ser Halloween para ver filmes de terror.

 

Até há pouco tempo, não tinha interesse em ver estes filmes — que entretanto saiu o segundo —, achava genuinamente que talvez não fossem muito bons, não sei porquê. Mas depois disseram-me que não são assim tão maus e, de facto, acabei por gostar. Além disso, escolhi bem; faltavam apenas 3 horas para o filme deixar de estar disponível no Prime. Foi obra do destino.

 

Poster do filme Smile

 

A psicóloga Rose Cotter recebe uma paciente de urgência que testemunhou o suicídio macabro de um dos seus professores algumas semanas antes. Desde então, ela relata estar a ser seguida por uma entidade que a persegue com a cara de várias pessoas — familiares, estranhos, falecidos —, dizendo que ela é a próxima a morrer. E o que mais a assusta é o sorriso.

 

Gostei muito do filme e, de facto, não acho que seja mau, de todo. Conseguiu criar desconforto em momentos menos esperados, não se cingindo ao cliché dos jumpscares quando já todos sabemos que vão acontecer — embora também tenha momentos assim, claro. O filme acaba também por explorar um pouco as relações entre algumas personagens, o que dá alguma profundidade à história e à personagem principal, fazendo deste um filme de terror diferente daqueles que só são feitos para, de facto, pregar uns sustos.

 

Outro ponto de que gostei foi o facto do filme tocar muito no assunto do trauma e de traumas não resolvidos. Lembrou-me muito o The Babadook neste aspecto, mas ainda assim, não chega de todo aos seus pés (The Babadook continua, até hoje, a ser um dos melhores filmes de terror que já vi. Desconfio que vou adorá-lo ainda mais quando o revir, sobretudo porque hoje tenho um entendimento do conceito de trauma que na altura não tinha).

 

Ainda assim, acho que a partir da segunda metade o filme teve alguns problemas de ritmo, o que não considero de todo ideal quando se trata de um filme de terror. Acho que, nos filmes de terror, há uma dança que precisa ser muito bem coreografada entre momentos de tensão e relaxamento, que têm de surgir nos momentos certos, mas também ter a duração certa. Não foi o que aconteceu aqui.

 

Apesar disso, no geral, gostei bastante do filme. Como disse, não acho de todo que seja um filme mau. Vale bastante a pena ver e fiquei muito curiosa com o segundo.

 

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Alguém aqui já viu? O que acharam?

***

Spooky Season 2025:

03
Nov25

Diário | Outubro 2025

Vera

Novo álbum da Taylor. Receber o vinil. Pores do sol bonitos. Um espectáculo de comédia ao vivo. Uma manhã na praia. Ver O Fantasma da Ópera ao vivo — e adorar. Montar móveis. Lidar com caos, frustração e repetir. Ganhar um novo apreço por leitura. Rever The Rocky Horror Picture Show em comunidade. Descobrir novos autores. Ver filmes de terror sozinha, depois de tanto tempo sem o fazer.

31
Out25

Spooky Season #6

Weapons (Filme) | Conta-me, Escuridão, Mafalda Santos (Livro)

Vera

Fecho a época de Halloween em bom. Bom, fecho como quem diz... Ainda conto ver pelo menos um filme de terror hoje.

 

Weapons

Poster do filme Weapons

Uma turma inteira de alunos desaparece na mesma noite, à mesma hora, e as crianças apenas foram vistas a correr em direcção à escuridão, de braços abertos. Apenas uma criança daquela turma não desapareceu, e agora todos se perguntam o que aconteceu...

O filme começa por ser narrado por uma criança da escola onde estes acontecimentos se deram e devo desde já dizer que gostei muito desta escolha e de como a executaram no filme. Ela deixa-nos que saber que isto já aconteceu há dois anos e o conteúdo e a forma como interpreta os seus diálogos foram feitos de tal forma que senti por completo a sensação de: ok, tenho uma criança a contar-me aquilo que para ela é apenas uma história. A quase indiferença que se nota na sua entoação faz todo o sentido para uma criança que não foi afectada pelo que aconteceu.

Mas adiante. O filme conta-nos a história através de vários "capítulos", cada um dedicado a uma personagem em específico. Ao acompanharmos essas personagens momentaneamente, vamo-nos apercebendo, aos poucos, do que aconteceu. Mas as verdadeiras respostas só chegam no final, claro — aliás, o meu namorado que diga: passei grande parte do filme só a dizer "wtf" ou "o que é que está a acontecer aqui". Era cada coisa mais bizarra que a outra a acontecer, sem qualquer explicação.

Achei que esta forma de contar a história se tornou repetitiva em um ou dois momentos em que estávamos a ver exactamente as mesmas coisas acontecer; ainda assim, acho que este pormenor é super irrelevante para o filme como um todo. O filme conta ainda com algumas críticas sociais, embora não ache que esse seja o foco dele (bom, talvez o das armas seja... afinal, está no nome).

Gostei muito do filme, ainda mais do que gostei do Barbarian, na altura — filme do mesmo realizador. Sem dúvida que recomendo.

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Conta-me, Escuridão, Mafalda Santos

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Vi recentemente algumas pessoas falarem muito bem deste livro e aproveitei que, depois de terminar Drácula, ainda tinha alguns dias até ao fim do mês para ler Conta-me, Escuridão (abençoada BiblioLed), um livro de contos de terror. Na verdade, eu acho que é o meu primeiro livro de contos, no geral. Foi assim que descobri que tenho um problema com contos: é que quero sempre saber mais — sobre o mundo, sobre as personagens, enfim, toda a lore por detrás daquela pequena história. Acaba a saber pouco, embora não de uma forma negativa. Como se costuma dizer: é o que é. Ainda assim, consigo perceber a atracção que existe em ler pequenas histórias, diferentes umas das outras, e vou ter de apostar mais neste género.

Passando para o livro em si, Mafalda Santos presenteia-nos com 8 contos de terror. Acredito que talvez este livro seja melhor apreciado por pessoas com conhecimentos de teologia ou mitologia, já que alguns dos contos parecem estar indirectamente relacionados com certos elementos (ou mais directamente, no caso do conto «Caim e Abel», talvez). De qualquer modo, eu não sou essa pessoa.

Ainda assim, no geral gostei muito deste livro. Apesar de existirem alguns contos melhores que outros, a verdade é que são todos macabros, especialmente quando consideramos que existe um tema comum a quase todos eles: a natalidade. Mafalda Santos é exímia em criar um ambiente de desconforto puro. Não são contos de meter medo, mas sim de criar uma grande perturbação. As ilustrações de David Benasulin também ajudam muito a criar um imaginário visual para cada conto.

Gostei muito da experiência e estou curiosa de ler mais livros da autora (aliás, já tenho o «Aquilo que o Sono Esconde» na minha lista), bem como mais livros de contos.

Os meus preferidos foram: Caim e Abel, A Festa de Yaksha, Laura e os Cães e O Mundo de Christina.

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Conhecem alguma destas obras? Têm sugestões parecidas?

 

Spooky Season 2025:

30
Out25

Filmes | Toy Story of Terror!, The Rocky Horror Picture Show, Final Destination

Spooky Season #5

Vera

Toy Story of Terror!

Poster do filme Toy Story of Terror

Uma curta-metragem de 20 minutos que, além das vibes creepy, também é engraçada — sobretudo devido à personagem de Mr. Pricklepants, que faz questão de explicar de forma técnica todos os momentos que compõem este filme de terror, o que torna isto numa obra meio meta, até.

Introduz-nos a novas personagens com carisma suficiente para nos conquistarem em apenas 20 minutos. Vê-se rapidamente e é bastante divertido! Gostei muito e recomendo, para esta altura até é perfeito porque é spooky, mas não assustador. Ah, e ocorre após o terceiro filme.

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The Rocky Horror Picture Show

Poster do filme The Rocky Horror Picture Show

Revi este filme após mais de uma década, sendo que na altura adorei. Acho que continua a não desiludir. Não é um filme para ter sentido, não é um filme para levar a sério — é simplesmente para ser uma experiência divertidíssima, e cumpre isso na perfeição. Para além disso, é um filme icónico pela sua ousadia e excentricidade, e ficou muito marcado na comunidade queer.

Foi também apenas agora que descobri que vão sendo feitos espectáculos deste musical e que, ao contrário do que estamos habituados, este conta com participação da audiência — não da forma que estão a pensar, mas com um cast específico que vai para a audiência atirar e gritar umas coisas em vários momentos do musical. Como revi isto no film club digital onde participo, estava lá uma rapariga americana que já fez parte desta experiência durante vários anos e nos preparou um guia de participação, além dela própria ter dito várias das falas da audiência (são mesmo muitas, por isso o guia que ela nos deu foi muito básico).

Isto para dizer que isto tornou a experiência duplamente divertida e deu para ter um gostinho do que seria ver este musical ao vivo. Gostei muito.

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Final Destination

Poster do filme Final Destination

Esta série de filmes já vai em não sei quantos, mas eu nunca tinha visto um único. Tenho algum preconceito com sagas de terror, porque é muito fácil estragar. Não era suposto ver este filme; na verdade, tinha outro em mente que não dava para ver sem encontrar o DVD no chão e, como já não tinha muito tempo, optei por escolher outro disponível para streaming.

A verdade é que me fez sentir que tinha algumas saudades de filmes deste género: que não são nenhuma obra-prima do cinema, mas se tornam icónicos à sua maneira. Para quem não conhece a história — eu confesso que nem sabia muito bem do que se tratava —, no fundo, vemos um grupo de pessoas a tentar enganar e fugir à morte, que as persegue porque chegou a hora delas. Claro que não corre muito bem.

Acho que foi um filme que criou bastante bem uma ambiência não assustadora, mas talvez arrepiante de cada vez que víamos a morte aproximar-se. A questão toda em volta da ordem de mortes também foi um elemento que tornou o enredo interessante.

Agora vou querer ver o resto, claro, mesmo os filmes muito maus (se os houver).

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Já viram algum destes? O que acharam?

27
Out25

Livros | Dracula, Bram Stoker

Spooky Season #4

Vera

Para o Halloween, aproveitei para ler um clássico que estava a faltar na minha lista. E não é que acabei a gostar muito mais deste livro do que estava à espera?

 

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O livro apresenta-nos inicialmente ao Conde Drácula, mas não é sobre ele; começa com o primeiro contacto de Jonathan Harker com este, e debruça-se sobre todo um processo de o perseguir para o matar, não sem antes vermos algumas pessoas serem transformadas em vampiras.

 

O livro não tem um protagonista único e ocorre em volta de várias pessoas: Mina e Jonathan Harker, Dr. John Seward, Dr. Van Helsing, Arthur Godalming, Lucy e Quincey Morris. A história é-nos contada através de cartas, diários, telegramas e notícias, embora nos mostre apenas diários escritos por Mina, Jonathan e Dr. Seward.

 

Pensei que este livro fosse ser uma leitura pesada e cansativa, mas a verdade é que me agarrou, mesmo nas partes mais paradas em que tudo indicaria o contrário. Talvez a forma de contar a história tenha contribuído para isso. (Aparte: Lembrei-me logo do livro Where'd You Go, Bernadette, que conta a história através de emails, notas e documentos soltos, mas do qual não gostei nada.) No entanto, acho que também ajudou a escrita descritiva, sobretudo nos momentos mais "assustadores" — sem dar muitos spoilers, o momento em que Jonathan sai por uma janela, ou em que uma das personagens é transformada, ou em que um certo paciente é violentamente atacado são das melhores coisas neste livro. São momentos quase arrepiantes e isso surpreende-me muito num livro dos finais de 1800.

 

Outra coisa que me surpreendeu muito foi a forma como a mulher é retratada na história. Estamos, claro, a falar de um livro de 1897, pelo que certas coisas menos boas são de esperar. Ainda assim, pelo que tenho visto é um assunto que divide muitas nações e acho que depende muito da interpretação que cada pessoa faz do livro.

 

Na minha interpretação pessoal, Bram Stoker desafia em certos momentos os papéis de género e o ideal de mulher na altura: uma das personagens femininas é cobiçada por vários homens ao mesmo tempo e isto é tratado com uma naturalidade tal que nem hoje se vê semelhante em comentários do Facebook. Não o digo apenas em questões de preconceito ou julgamentos, mas até nas relações entre as personagens — não há qualquer desprezo por esta questão por parte de ninguém em relação a ninguém. Relembro que estamos a falar de um livro de 1897, por isso isto surpreendeu-me bastante.

 

Não consigo deixar de achar que este livro foi escrito, em certos momentos, com alguma sátira para desafiar certas concepções da altura: temos homens em vários momentos a chorar e a mostrar emoção (se hoje ainda é um bocadinho tabu, imagine-se na altura), por "tudo e por nada", a mostrarem-se vulneráveis — aliás, creio que até há um momento do livro em que é a mulher "a aguentar-se" e a confortar o homem, claramente a sofrer. Além disso, quando uma das personagens femininas é descartada do plano de "caça ao vampiro" por ser mulher, o que é que acontece? Tudo dá errado, eventualmente ela volta a estar envolvida e, para além disso, passa a ter um papel incrivelmente crucial para avançar na história, sendo no final tratada como igual — e o fim, literal fim, do livro celebra a sua bravura e coragem.

 

Existem, claro, aspectos que se possam apontar contra esta ideia que tenho do livro, como o retrato de mulheres como puras ou impuras, por exemplo. Não deixa de ser escrito por um homem nos finais de 1800. Mas creio que também existem vários argumentos positivos; daí achar que este livro é fortemente divisivo nesta questão e que deixa abertas interpretações neste assunto.

 

Gostei muito de como este livro é no fundo sobre amizades profundas, entre homens, entre mulheres, e entre ambos — sem qualquer pudor de serem genuínos e vulneráveis uns com os outros, dando lugar a uma sinceridade tão refrescante, mesmo nos dias de hoje. Acho que é um livro que em certos aspectos é incrivelmente moderno e vale a pena a leitura. No entanto, recomendo lerem a versão traduzida; li o inglês e por vezes foi complicado, sobretudo por ter pequenas partes que reflectem um inglês cheio de calão (tive de recorrer à app do tradutor para esta, com a câmara...).

 

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Ah! E eu vou celebrar, sim, finalmente ter uma obra que NÃO sexualiza esta questão toda dos vampiros e onde não existe qualquer relação romântica com o Dracula, ao contrário dos filmes (estou tão farta desse elemento, desculpem).

 

 

23
Out25

Filmes | Partir Un Jour, John Wick

Vera

Partir Un Jour

Poster do filme Partir Un Jour

Tive a oportunidade de ver a antestreia deste filme, após ter passado no Festival de Cannes.

Cécile é uma chef que está prestes a abrir o seu próprio restaurante em Paris, após ter vencido o programa Top Chef. No entanto, precisa de voltar por uns tempos à sua cidade natal após o seu pai sofrer um ataque cardíaco. De volta ao sítio onde cresceu, tudo regressa: a relação entre os pais e com os pais, os amigos e os amores de adolescência. Ao mesmo tempo, Cécile tem de lidar com a decisão de manter ou não uma gravidez indesejada.

É uma comédia dramática musical e, não sendo eu a maior fã de musicais, posso dizer que este não é muito cansativo. O filme é um pouco parado, não tem grande história, mas está bem feito e é uma boa experiência cinematográfica que nos mostra de forma clara a sensação de regressar ao passado, e nós não precisamos de ver muito da vida atual de Cécile para sentirmos o quão diferente ela é da vida que tinha na sua cidade natal.

Não sei se a questão da gravidez aqui era propriamente necessária ou relevante, mas talvez fosse para a realizadora poder também mostrar a sua posição em relação a alguns temas mais feministas. O final é um pouco semi-aberto (ou totalmente aberto, dependendo da perspetiva), e acho que este filme serve acima de tudo o propósito de ser uma boa peça de reflexão sobre os seus temas mais centrais.

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John Wick

Poster do filme John Wick

John Wick é um assassino contratado reformado. A sua mulher faleceu há pouco tempo e, dela, recebe um cão. Pouco depois, John Wick é assaltado por um grupo de mafiosos que lhe roubam o carro e matam o cão. Neste grupo, encontra-se o filho do antigo chefe de John Wick — por outro lado, o grupo acha que assaltou um "Zé-ninguém" e não faz ideia de que acabou de se meter com um assassino completamente implacável, que agora irá persegui-los numa vingança pela morte do cão.

John Wick é um filme de ação, que não é de todo a minha praia; mas acho que, dentro desse género, até é um filme bastante bom. Apesar de ter os típicos "tiros e porrada", não acho que o filme se centre nesses elementos, dando tempo para construir o mundo que compõe o filme: apresentar mafiosos, o chefe, o que por ali se passa no geral, quem está ligado a quem, em que locais estes criminosos se encontram, quais são as regras e todo um rol de informações que dão profundidade à história (algo que, talvez por preconceito, sinto que falta muitas vezes neste género de filmes).

Acho inusitado (num sentido positivo), e de certa forma incrivelmente amoroso, que se tenha feito um filme destes com base na premissa de que a morte de um animal vai mover mundos e fundos para ser vingada — claro que nunca deixa de estar ligada à morte também da sua mulher. Confesso que estou com medo de ver os restantes filmes, tenho algum "preconceito" com sagas que nasceram de filmes que eram para serem filhos únicos. Mas esta série de filmes é tão falada dentro do meio que talvez ainda venha a surpreender.

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📺 A ver:

IT: Welcome to Derry, Temporada 1
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Taskmaster (UK), Temporada 19
Taskmaster (PT), Temporada 6

🎮 A jogar:

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